Imprensa em alta

Editorial do Jornal Pequeno – 18/01/13

Uma brusca e louvável mudança no conceito de assessoria de comunicação aconteceu neste estado a partir da eleição do saudoso deputado João Evangelista, presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Há oito anos, no auge de uma carreira política depois brutalmente interrompida pela fatalidade, João Evangelista convidava os jornalistas Jorge Vieira e Robson Paz para assumirem os cargos de diretor e diretor adjunto de Comunicação, respectivamente, do Poder Legislativo.

Foi montado, então, o mais arrojado projeto de comunicação do estado até aquela época, com a transmissão das sessões em tempo real, o que pôs fim à prioridade dada às matérias de interesse do governo, eliminou a censura disfarçada e até a intervenção subsidiada dos governos nos jornais da cidade com relação ao noticiário do Poder Legislativo.

Para os jornalistas que já estavam ali há algum tempo, parecia um sonho. A oposição parou de falar apenas para as quatro paredes da Assembleia, pois com a transmissão direta das sessões deixou de fazer sentido boicotar a divulgação de discursos e denúncias de parlamentares na imprensa. A tecnologia da internet foi posta a favor da liberdade de imprensa.

Convidado hoje pelo secretário de comunicação da Prefeitura Municipal de São Luís, Márcio Jerry, o jornalista Robson Paz assumiu a secretaria adjunta de comunicação da Prefeitura. Uma decisão correta, coerente e produtiva do senhor secretário, pois Robson Paz também esteve à frente desse inusitado projeto que instituiu os programas ‘Assembleia em Ação’ e ‘Assembleia em Foco’, que invadiram o rádio e a televisão maranhenses com um noticiário pela primeira vez isento e diversificado na história do Legislativo maranhense.

Caberia ao deputado Marcelo Tavares, na condição de presidente, realizar o que Robson Paz chama de ‘grande sonho do deputado João Evangelista’: a instalação da TV Assembleia. Afável politicamente, religioso e moderado em suas intermediações, adepto do companheirismo, mesmo com os colegas mais azedos, Robson Paz deixou a diretoria de Comunicação da Assembleia em outro grande momento: quando o presidente Arnaldo Melo e a atual diretora de Comunicação, Dulce Brito, organizam um esperado Complexo de Comunicação que unirá, estrategicamente, a TV, Portal, Rádio e Diário Oficial, inclusive com a construção de uma nova e mais funcional estrutura física.

No lugar de Robson Paz assume a diretoria adjunta de Comunicação na AL a jornalista e advogada Jacqueline Heluy que está na assessoria desde 1991 e cuja competência também dispensa comentários, pois restou demonstrada nas redações dos jornais ‘O imparcial’ e ‘O Estado do Maranhão’, na assessoria do Senac e na Associação dos Magistrados do Maranhão.

Na AMMA, por sinal, ganhou três concursos nacionais de jornalismo consecutivos. Só para mostrar à grande imprensa que os melhores ainda estão no Maranhão. Jacqueline Heluy é também uma escolha acertada e coerente da diretora Dulce Brito e do presidente Arnaldo Melo. A depender apenas de comunicação, a Prefeitura de São Luís e a Assembleia Legislativa do Maranhão vão muito bem, obrigado. O resto é com eles.

O grito na garganta

Editorial do Jornal Pequeno

Fazendo um paralelo entre o poder econômico e o poder popular, o presidente da Embratur, Flávio Dino, fez, durante o seminário de seu partido, o PCdoB, uma pregação que pode calar no coração dos maranhenses: evitar os 50 anos da oligarquia Sarney no Maranhão. Falta pouco para que se complete meio século no poder da mais vasta aliança política estadual do Nordeste, quiçá do Brasil.

Esta aliança, de posse de todos os cargos federais e estaduais no Estado e sempre adotando métodos reprováveis de cooptação política, envolveu os prefeitos, vereadores, deputados e lideranças de todos os municípios. A partir do jugo do Poder Executivo, entranhou-se perversamente no Legislativo e no Judiciário, serviu-se da ditadura e de todos os governos pós-democráticos do país para dissolver lideranças emergentes no Maranhão, corromper partidos políticos e garantir a manutenção do mais longo reinado de poder no Brasil.

Como um polvo, a oligarquia estendeu seus tentáculos a todas as organizações da sociedade civil, de sindicatos a associações de moradores, de clubes de mães a associações de futebol de areia, de grupos folclóricos a escolas de samba em todo o estado. Vê-se, então, que a tarefa de evitar os 50 anos da oligarquia Sarney não é apenas um caminhar, pois implica em mudança de mentalidade dos maranhenses, em carregar uma mensagem de libertação em todos os dias que se sucederem daqui até a eleição de 2014.

Toda essa arregimentação fisiológica não impediu que a oposição vencesse a eleição de 2012 nos principais colégios eleitorais do estado, inclusive a capital São Luís, e no segundo maior colégio eleitoral do estado, o município de Imperatriz. No entanto, os partidos no governo elegeram maior número de prefeitos e vereadores, o que torna o caminhar de Flávio Dino mais longo e mais urgente. O risco é a alienação política persistente nos pequenos colégios eleitorais do Maranhão, que são a imensa maioria.

O presidente da Embratur entende que o processo de mudança no estado começa agora, em 2013, com a adoção de um modelo de gestão pública moderno e eficiente a ser implementado pelos novos gestores. Nas diversas prefeituras em que venceu, a oposição tem dois anos para mostrar que é capaz de governar bem melhor que o grupo Sarney, o que nos parece uma tarefa muito fácil. Outro alerta é a formação de alianças políticas amplas, sem as quais não é possível vencer.

O governo tem a caneta, o dinheiro, os cargos, o partido no poder nacionalmente (PT), a ascensão aos demais poderes; enfim, uma força de manipulação e cooptação imensurável, sem contar a dependência física e financeira dos municípios. Mas tem contra ele a História, as notícias de corrupção e fisiologismo, de nepotismo e atraso. E tem, principalmente, esse grito de liberdade engatado na garganta do povo do Maranhão.

A Via Crucis do homem moderno

Jornal Pequeno – Editorial, sexta-feira, 6 de abril

Percorrer mentalmente, desde os séculos inferiores, o caminho da cruz; desde o pretório de Pilatos até o Monte Calvário, meditando sobre a Paixão de Cristo, talvez já não seja possível para o homem moderno. Porque já não há terras santas, se nas terras santas pessoas explodem pessoas em pedaços em nome de Deus.

As 14 estações da Via Sacra, um doloroso exercício de piedade cristã, não parece possível de cumprir num mundo em que não se pode falar de devoção, em que se substituem as migalhas de Lázaro por R$ 100 pagos para o incêndio de mendigos nas portas dos restaurantes.

A Palestina parece bem distante e é como um cemitério de corpos e ideias, um conclave de pessoas sem espírito em terrível peregrinação pelo egoísmo, o egocentrismo o “eu” que fala mais alto que o amor.

Está violado o santo sepulcro dessa terra em que os homens matam até por uma discussão de trânsito e outros se consagram no claustro da boa vida conquistada com a carne alheia, com pedaços da carne alheia. Jesus está caindo mais uma vez, porque o lugar dos pobres é a cadeia e nas agulhas dos ricos am todos os camelos, carregando o luxo obtido com o sacrifício dos semelhantes.

A terra dos bem-aventurados, mais de dois mil anos depois, é uma piscina de sangue, uma extensão do mal encarnado pelo príncipe das trevas. Aqui, homens são pagos para matar. E matam. Aqui, crianças recebem o salário do tráfico e da violência, armadas até os dentes para assaltar Papai Noel.

Não era esse o destino esperado dos filhos de Jerusalém.

A caminhada da cruz não foi feita sob os holofotes da TV, sob o registro dos chips e celulares. Mas o homem inventou a felicidade e fez infeliz a maioria dos homens. E Jesus está caindo diante do tráfico de mulheres, da venda de tendões humanos, da venda de órgãos vivos no submundo cruel da impiedade e da corrupção.

Vendem milagres, vendem orações, vendem salvação, mas não conseguem deter a marcha do homem moderno na direção da selvageria inominável que se cumpre sob o olhar dos satélites, sob a agem furiosa dos foguetes rumo a um Paraíso que ninguém sabe onde está. Há quem mate porque sente fome, mas há também quem mate porque seu time perdeu. Jesus está caindo, mais uma vez, sob o peso inável de uma cruz que o homem continua a construir.

Na primeira Estação, pense no por que foi condenado; na segunda Estação, carregue com amor sua própria cruz; na terceira Estação, faça que todo amor seja como amor de mãe; na quarta, caia sem derrubar ninguém à sua volta; na quinta, sinta que não está mais sozinho; na sexta, deixe que limpem o sofrimento do seu rosto.

Na sétima Estação deixe chorar por amor as mulheres; na oitava Estação, caia somente depois de levantar alguém que ama; na nona Estação, junte os que estão caindo ao seu lado, na décima, despoje-se da soberba e dos preconceitos que veste; na décima primeira, condene todas as formas de tortura.

Na última Estação, não faça Jesus sofrer depois de morto.

De mentiras e publicidades

Do Jornal Pequeno

O próprio Goebbels, principal artífice da propaganda do regime nazista que levou à morte mais de 45 milhões de seres humanos durante a segunda guerra mundial, poderia não entender. No Maranhão, noticia o Blog do Garrone, esse minúsculo e miserável pedacinho de planeta, o governo do Estado conseguiu gastar, em tempos de paz, 54 milhões de reais em propaganda no prazo de apenas 10 meses.

Sem contar cinco novas prorrogações de contratos com empresas de publicidade, em valores desconhecidos, publicadas no Diário oficial de 21 de outubro. A maior parte desse dinheiro, afirma Garrone, foi parar nos cofres do Sistema Mirante de Comunicação que detém quase toda a fatia do bolo publicitário do governo Roseana Sarney.

E precisamos de uma pausa para respirar, para tentar entender o que diabos o governo tanto divulga se não há nada para divulgar. E mesmo que houvesse, esse dinheiro todo está sendo sacado do bolso do contribuinte que, certamente, preferiria ver seus tributos aplicados em educação, agricultura, segurança pública e não nas contas do monopólio de comunicações da família Sarney.

Mirar a Mirante como bem público para injetar recursos de estrita propriedade do povo maranhense é um vício de iniciativa, por sinal histórico, dos governos da doutora Roseana. Não podemos continuar pagando essa bacanal midiática que serve tão-somente para promover alienação e lavagem cerebral, querendo convencer a todos de que o inferno é o paraíso.

O nome disso é corrupção. Trata-se de um crime em família coonestado pelo marketing da mentira e da empulhação. A propaganda oficial mente para ofender e se defender dos adversários políticos, mas mente mais ainda para se defender do povo; esse povo tão cansado de assaltos ao patrimônio público. Mas, a bem da verdade, não há muito o que se dizer quando a mentira custa R$ 54 milhões no mais miserável estado do país. E trata-se de mentiras elaboradas por profissionais tão caros quanto um Duda Mendonça da vida.

Edmar Bulla, publicitário com especialização pela Harvard Bussiness School, afirma que a mentira, a omissão do teor publicitário de ações e conteúdos são práticas usadas por agências mal intencionadas, aceitas por produtores imaturos ou deslumbrados ou de péssimo caráter mesmo. E sabemos que a carapuça cabe na cabeça de muita gente.

Mentiras e pirotecnias infestam as casas dos maranhenses através da TV, do rádio e mesmo da mídia digital sobre a qual o monopólio de comunicações do senador Sarney já estendeu seus tentáculos. E o Sistema Mirante de Comunicação, enriquecido ilegalmente, solta fogo pelas ventas sempre que uma verdade põe em cheque a relutante honestidade de seus proprietários. O povo sofre todas as fomes, mas acaba não resistindo ao espetáculo de luzes criado e programado em agências de publicidade pagas com o suor desse mesmo povo para enganar, iludir e mentir.